quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Oba! É tempo de eleição!






Carros de som, programas exuberantes na rádio e na televisão, santinhos, santinhos e mais santinhos (na verdade, pelo trabalho, competência e resultados políticos apresentados nos últimos tempos deveriam se chamar diabinhos, seria mais honesto), mensagens SMS, e-mails, aperto de mãos, beijos em crianças, lágrimas, abraços suados e “sinceros” no povão, muita gente boa e cheia de ideias por um mundo melhor... Oba! É tempo de escolher e votar! Seja bem-vindo há mais um democrático, belíssimo e charmoso processo eleitoral brasileiro.
É uma verdadeira festa, o que é uma pena, pois o assunto é sério, determina o desenvolvimento do país, a qualidade de vida dos cidadãos e deveria ser encarado com mais responsabilidade e atenção por todos. Ao invés de aplaudirmos, gritarmos e darmos vitrines para nossos políticos, deveríamos direcionar-lhes olhares sérios, desconfiança, plena vigilância e muita cobrança por bons exemplos e resultados. Afinal de contas, vossos salários são pagos com nossos impostos.
O Brasil é um belo país, frase piegas, mas verdadeira. De natureza exuberante, cultura efervescente, vastas riquezas e um potencial enorme para tornar-se uma nação de verdade. Mas possui o dom trágico de insistir em não se consertar, em ser uma piada, e das mal contadas por sinal. Quando aparece bem na foto, geralmente é maquiagem para inglês ver e, até tem conseguido algum progresso, apesar dos políticos que possui (não generalizando, mas a maioria é inapropriada para a grandeza da pátria sim) e dos sistemas de gestão pública estabelecidos.
O que vou falar abaixo pode ser considerado uma grande besteira, é uma utopia das bravas e nem em 1.000 anos haverá a menor possibilidade de concretizar-se. Precisaria de muita vontade, diálogo, averiguação e bom senso político. São questões radicais, polêmicas, seriam necessárias novas leis, até de uma nova constituição, o que é extremamente complexo e praticamente impossível... Portanto, não é uma proposta, são apenas devaneios. Ainda é permitido usufruir da imaginação e é justamente isso que estamos fazendo... Estamos sonhando, e é bom sonhar, principalmente em tempos áridos. Digamos que os sonhos tornam a vida real suportável.
Então vamos lá, no melhor estilo ufanista Policarpo Quaresma, esperando não alcançar um “triste fim” como no clássico livro, vamos criar novas e inventivas regras para o processo eleitoral brasileiro para, na medida do possível, tentar coroar regentes mais apropriados:

Acabar com o voto obrigatório – Todos tem o direito ao voto, mas que não sejam obrigados, nem mesmo a justificar. Que saia de casa para votar somente quem estiver determinado, informado e conscientizado. Que vá votar apenas quem, depois das eleições, se dê ao trabalho de fiscalizar seus candidatos. Que a massa de manobra desinformada, e que muitas vezes acaba decidindo as eleições, fique em casa e não interfira das decisões sérias do país por uma obrigação legal ou direcionada por campanhas sedutoras.

Acabar com a produção publicitária – Infelizmente, a classe de colegas publicitários deve estar me odiando nesse momento, mas é apenas uma opinião ilusória, um ensaio ficcional. Lembram?  É necessário subtrair o clima de entretenimento das campanhas políticas. Os candidatos terão espaço nas rádios e na televisão mas, sem interlocutores, sem músicas ou recursos de edições de imagem, apenas eles, para falarem sobre suas propostas e debaterem entre si.
Outra grande vantagem dessa medida é o sepultamento dos gingles (músicas) engraçadinhos, onde pegam as piores músicas da sociedade, colocam umas letras com promessas falsas em cima e passam poluindo as ruas e os ouvidos da sofrida população. Sem contar a gigantesca economia de recursos sem produção de campanhas.

Promessas registradas em cartório - Sob pena de punição para o não cumprimento. Tem candidato que “viaja” mais em suas propostas do que eu escrevendo este texto. Como nossos avós diziam: tá na hora de honrar a palavra, nem que seja pela força. Propaganda enganosa é crime.

Titulação mínima para candidatos – Vereadores precisariam pelo menos possuir curso de nível superior presencial e uma pós-graduação para obterem o direito de candidatar-se para uma vaga na Câmara. Vai resolver o baixo nível dos vereadores no país: não, mas vai melhorar e muito, vai valorizar a educação e vai limitar os aproveitadores, os palhaços, as dançarinas e as “pseudo-celebridades” de se candidatarem. Para os demais cargos a exigência deve ser ainda maior.

Política não se mistura com religião – São duas poderosas forças, cada uma com o seu papel na sociedade. O estado é laico e deve tratar a todos os cidadãos igualmente e a história da humanidade comprova, grandes barbáries foram cometidas quando política e religião foram atreladas de maneira radical. Políticos não deveriam citar suas predileções religiosas e os grupos religiosos não deveriam jamais organizar reuniões ou demonstrarem apoio a qualquer candidato.

Prova de qualificação para a gestão pública – Quem se forma em Direito não tem que fazer a Prova da OAB? Então, quem almeja um cargo político também deveria passar por uma rígida avaliação, comprovando que entende de legislação, de gestão pública, de captação de verba, de projetos e que possuiu informação e visão científica sobre os problemas que assolam a nação.

Equiparar desvio de verbas públicas a crime de assassinatoRegra simples, radical e direta.

Salários justosUm vereador jamais poderá possuir um salário maior do que os professores municipais. Acabar com as mordomias afastaria os aproveitadores.

Estes são alguns “insanos” pensamentos por um Brasil melhor. São utopias, mas podem ser uma boa reflexão.
Aos Prefeitos e Vereadores recém eleitos desejamos saúde, inteligência e paz de espírito para que consigam dar ao povo o respeito e o trabalho merecido. Esperamos, sinceramente, poder escrever textos mais engrandecedores sobre o legado da nova geração política daqui há quatro anos. Para nós, simples cidadãos mortais que aqui estamos, sobrevivendo em meio ao caos, desejamos sorte para os dias que vem.