terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Queremos uma cidade competitiva e pronta para o futuro


Queremos uma cidade competitiva e pronta para o futuro

Todos desejam uma Araguaína melhor, mas como transformar nossa cidade se não investimos na formação das gerações futuras?




É fácil conseguir um funcionário qualificado? 
Observando a população jovem de nossa cidade, que aguarda uma oportunidade de emprego, existem mais pessoas capacitadas ou despreparadas para o mercado profissional moderno?
Muitas pessoas vão dizer que esta não é uma questão exclusivamente daqui, mas um problema nacional de baixa qualificação, e temos de concordar, a massa brasileira não tem acesso a uma educação decente, mas também temos de afirmar e defender que nossa preocupação deve estar focada nas deficiências locais. É aqui que podemos agir, efetivar na prática as mudanças necessárias e tornar as próximas gerações mais competitivas, eficientes e capazes de melhor aproveitar as potencialidades de nossa região.
O mundo mudou, o mercado está exigindo um novo perfil profissional: um trabalhador ético, engajado, que domine a técnica, as novas tecnologia, que seja criativo, que valorize os princípios da responsabilidade social, que seja pontual, disciplinado, que saiba trabalhar em equipe, que valorize, respeite e defenda a sua empresa empregadora e que seja dinâmico para manter-se em constante adaptação as transformações da sociedade globalizada.
Falando com professores das redes públicas nota-se o seu desespero. Ganham pouco, são desvalorizados pela sociedade, possuem uma pesada carga horária de aulas que não permite que estejam melhor preparados e dispostos para aulas adequadas. É humanamente impossível planejar e dar boas aulas com a quantidade de turmas que o professor tem de atender, e ainda devem seguir uma cartilha nacional que direciona como devem trabalhar, na maioria das vezes de forma totalmente tecnicista e pouco significativa para o aluno. Falta estrutura, falta qualificação, falta investimento... O sistema gera estudantes sem hábito de leitura, analfabetos funcionais (sabem ler, reconhecer as palavras, mas não conseguem interpretar e compreender devidamente os textos) e que escrevem muito mal, incapazes de redigir até mesmo um e-mail formal ou um ofício simples e, muito menos, incapazes de produzir um projeto no âmbito profissional. Esses mesmos jovens chegam com dificuldades nas faculdades e acabam formando-se com deficiências que dificilmente serão sanadas. A escola atual e os governantes parecem não estar conectados com o atual momento global e parecem não ter noção do perfil profissional e cidadão que o futuro exige.
Isso sem contar os perigos das drogas, do alcoolismo, a festa constante que invadiu todos os espaços sociais, minando qualquer forma de intelectualidade. Estamos anestesiados pela piada, pelos ritmos dançantes, absorvidos pelo entretenimento que é a grande armadilha social que iludiu a população e a tornou escrava do consumo e totalmente acomodada perante as questões que realmente importam para a evolução da sociedade.
O bom é saber que, como diz Paulo Freire: “o homem pode ser condicionado, mas não determinado”, somos dinâmicos e temos capacidade de mudar sempre. E que a cultura de um indivíduo, de um grupo, como a de uma cidade, pode ser mudada. Mas é preciso vontade e organização para isso, principalmente das forças políticas, da imprensa e das lideranças locais.
Uma cidade hoje é como uma grande empresa, que compete com outras cidades e é tão imponente quanto o valor e o envolvimento de seus cidadãos. A cultura de um local pode ser direcionada e influenciada pelas suas lideranças públicas e privadas. É um trabalho de longo prazo, mas que traz resultados significativos. Podemos citar dois exemplos: a cidade de Gramado, no RS, focou toda a sua energia no turismo, no acolhimento dos visitantes, em oferecer segurança, ruas limpas, belas casas e jardins. Investiu no ensino técnico, promoveu debates públicos e ações coletivas para sobreviver economicamente. O processo começou há décadas atrás e vem sendo aprimorado ano a ano. Tanto crianças, como qualquer cidadão, todos recebem o turista muito bem, cuidam do patrimônio público, sabem dar informação, tratam os visitantes com demasiada cordialidade. Agora, fazem isso porque são pessoas acolhedoras? Pode até ser, mas fazem principalmente porque o turista gasta seu dinheiro lá, movimenta a economia local e, se sair feliz da cidade, pode contar para outras pessoas que vão lá gastar seu dinheiro também. Curitiba no PR investiu pesadamente em campanhas de conscientização ambiental, políticas e práticas com relação ao lixo. Hoje é considerada uma das cidades mais limpas do país e é citada como exemplo de capital ecológica. Essas mudanças não aconteceram sozinhas, aconteceram porque as forças do local mobilizaram-se em prol de um objetivo.
Estamos diante de uma Araguaína com um enorme potencial de crescimento, com uma economia aquecida como em raros lugares do Brasil. Estamos com a faca e o queijo na mão para fazermos história. O momento é agora e alguns questionamentos precisam ser feitos:
Que sociedade estamos formando?
Qual é o nosso legado para o futuro?
Que valores devemos fomentar em nossa comunidade?
Como tornar esse diálogo presente e marcante em nosso cotidiano?
Assim como todos querem que seu clube de futebol possua uma forte categoria de base para formar os melhores jogadores, para conseguir montar no futuro equipes competitivas, torna-se vital adotar a mesma medida em nossa cidade, investindo na formação das categorias de base de nossa cidadania, gerando talento para o futuro.
É preciso unir as lideranças locais, contar com apoio especializado e, de forma estratégica, debater sobre nossas forças e fraquezas, definir o foco de ação, criar diretrizes e estabelecer um grande pacto social entre todos os agentes atuantes e formadores de opinião da cidade (governantes, autoridades, entidades, empresários, escolas, faculdades, imprensa...) para que possamos influenciar positivamente a cultura dos trabalhadores e dos cidadãos do futuro e, conseqüentemente, a qualidade de vida de todos.

Um comentário:

  1. com certeza marcelo. uma cidade precisa de uma meta comunitaria a ser atingida. a sociedade deve ter espaços para debater e definir qual a vocação da cidade, quais as oportunidades que o mundo oferece, e perseguir esses objetivos em conjunto, acima de partidos e interesses pessoais.

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