quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mania de atraso

Mania de atraso
Por que a gente não chega na hora marcada?

     Belas roupas, cabelos vistosos, devidamente perfumado ou perfumada e elegantemente atrasados. Elegantemente nada, tal atitude só pode ser definida como “bisonhamente” desrespeitosa, fora de moda e totalmente inconveniente.
     Não há problema quando o evento é mais despojado, como uma festa, por exemplo. No caso se trata de diversão e não se estará atrapalhando ninguém. Agora, não é uma total falta de respeito quando você está no cinema, tentando se concentrar no filme e as pessoas não param de entrar na sala? Ou quando você chega cedo para uma reunião importante e as pessoas ficam tratando de assuntos aleatórios até determinado sujeito chegar? Ou quando você chega na hora num evento social ou palestra e este só começa duas horas depois do anunciado, pois estavam aguardando o local ficar cheio?
     A constatação a seguir é ridícula, mas comum e aceita por todos: hoje, os organizadores chegam a promover a divulgação de seus eventos com uma margem de segurança. Por exemplo, se a idéia é de que a programação seja iniciada às 20h, marcam para as 19h ou 18h e 30min, já calculando o tradicional atraso social, para que se consiga iniciar no horário desejado. O correto seria que cada um de nós, cumprindo com nossas obrigações coletivas, fosse comprometido também com uma margem de segurança, mas para garantir que nenhum imprevisto fizesse com que nos atrasássemos com relação ao horário anunciado.
     Estamos condicionamos a agir incorretamente e a premiar o erro, pois punimos com a monotonia do desperdício de tempo quem está agindo corretamente e chegando no horário.
     Alguns defendem que é o “jeito brasileiro de ser”, que faz parte de nossa “gestão flexível”, mas não se está defendo a idéia de interferir na identidade cultural e na forma criativa de trabalhar do país, não se quer que a partir de agora passemos todos a agir com a rigidez e precisão do alemão ou do japonês, mas convenhamos, a matemática do sistema é simples, as duas horas que um suposto evento atrasa fazem com que as pessoas que chegaram na hora marcada e/ou estão trabalhando nos bastidores deste evento percam duas horas do seu precioso tempo. E, no mínimo, é muita falta de respeito e comprometimento.
     Como mudar essa realidade?
Talvez estabelecendo um pacto entre entidades representativas, lideranças e imprensa local da cidade, chamando a atenção para esta questão e para que todos sejamos mais pontuais e rígidos com o cumprimento de nossas programações. No final das contas, simplesmente se estará agindo com mais profissionalismo. Até recordo de um caso de um Padre que havia na cidade onde nasci, ele decidiu que quando houvessem atrasos superiores a 10 minutos no início programado de casamentos, a cerimônia seria cancelada. No começo houve resistência, atritos ocorreram, mas hoje todo mundo sabe dessa norma e está na missa na hora da cerimônia. A noiva chega direitinho, sem atrasos.
     Nossa mania de atraso é uma questão a ser discutida sim. E nem estamos nos abstendo do problema porque por acomodação também acabamos cometendo falhas nesse sentido.
Vivemos num mercado altamente competitivo, queremos potencializar nossa economia e evoluir juntamente com a cidade de Araguaína. Nesse contexto, mais do que nunca, como diz o velho ditado, tempo é dinheiro e precisa ser melhor aproveitado.


Marcelo Trilha – Publicitário (UPF-RS), especialista em Leitura e Produção Escrita (UFT), Metodologia do Ensino Superior e Marketing Estratégico (ITPAC). Responsável pela comunicação da ACIARA e do ITPAC, onde atua também como professor.

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