Queremos
uma cidade competitiva e pronta para o futuro
Todos
desejam uma Araguaína melhor, mas como transformar nossa cidade se não
investimos na formação das gerações futuras?
É
fácil conseguir um funcionário qualificado?
Observando
a população jovem de nossa cidade, que aguarda uma oportunidade de emprego,
existem mais pessoas capacitadas ou despreparadas para o mercado profissional
moderno?
Muitas
pessoas vão dizer que esta não é uma questão exclusivamente daqui, mas um
problema nacional de baixa qualificação, e temos de concordar, a massa
brasileira não tem acesso a uma educação decente, mas também temos de afirmar e
defender que nossa preocupação deve estar focada nas deficiências locais. É
aqui que podemos agir, efetivar na prática as mudanças necessárias e tornar as
próximas gerações mais competitivas, eficientes e capazes de melhor aproveitar
as potencialidades de nossa região.
O
mundo mudou, o mercado está exigindo um novo perfil profissional: um
trabalhador ético, engajado, que domine a técnica, as novas tecnologia, que
seja criativo, que valorize os princípios da responsabilidade social, que seja
pontual, disciplinado, que saiba trabalhar em equipe, que valorize, respeite e
defenda a sua empresa empregadora e que seja dinâmico para manter-se em constante
adaptação as transformações da sociedade globalizada.
Falando
com professores das redes públicas nota-se o seu desespero. Ganham pouco, são
desvalorizados pela sociedade, possuem uma pesada carga horária de aulas que
não permite que estejam melhor preparados e dispostos para aulas adequadas. É
humanamente impossível planejar e dar boas aulas com a quantidade de turmas que
o professor tem de atender, e ainda devem seguir uma cartilha nacional que
direciona como devem trabalhar, na maioria das vezes de forma totalmente
tecnicista e pouco significativa para o aluno. Falta estrutura, falta
qualificação, falta investimento... O sistema gera estudantes sem hábito de
leitura, analfabetos funcionais (sabem ler, reconhecer as palavras, mas não
conseguem interpretar e compreender devidamente os textos) e que escrevem muito
mal, incapazes de redigir até mesmo um e-mail formal ou um ofício simples e,
muito menos, incapazes de produzir um projeto no âmbito profissional. Esses
mesmos jovens chegam com dificuldades nas faculdades e acabam formando-se com
deficiências que dificilmente serão sanadas. A escola atual e os governantes parecem
não estar conectados com o atual momento global e parecem não ter noção do
perfil profissional e cidadão que o futuro exige.
Isso
sem contar os perigos das drogas, do alcoolismo, a festa constante que invadiu
todos os espaços sociais, minando qualquer forma de intelectualidade. Estamos
anestesiados pela piada, pelos ritmos dançantes, absorvidos pelo entretenimento
que é a grande armadilha social que iludiu a população e a tornou escrava do
consumo e totalmente acomodada perante as questões que realmente importam para
a evolução da sociedade.
O
bom é saber que, como diz Paulo Freire: “o homem pode ser condicionado, mas não
determinado”, somos dinâmicos e temos capacidade de mudar sempre. E que a
cultura de um indivíduo, de um grupo, como a de uma cidade, pode ser mudada.
Mas é preciso vontade e organização para isso, principalmente das forças
políticas, da imprensa e das lideranças locais.
Uma
cidade hoje é como uma grande empresa, que compete com outras cidades e é tão
imponente quanto o valor e o envolvimento de seus cidadãos. A cultura de um
local pode ser direcionada e influenciada pelas suas lideranças públicas e
privadas. É um trabalho de longo prazo, mas que traz resultados significativos.
Podemos citar dois exemplos: a cidade de Gramado, no RS, focou toda a sua
energia no turismo, no acolhimento dos visitantes, em oferecer segurança, ruas
limpas, belas casas e jardins. Investiu no ensino técnico, promoveu debates
públicos e ações coletivas para sobreviver economicamente. O processo começou
há décadas atrás e vem sendo aprimorado ano a ano. Tanto crianças, como
qualquer cidadão, todos recebem o turista muito bem, cuidam do patrimônio
público, sabem dar informação, tratam os visitantes com demasiada cordialidade.
Agora, fazem isso porque são pessoas acolhedoras? Pode até ser, mas fazem
principalmente porque o turista gasta seu dinheiro lá, movimenta a economia
local e, se sair feliz da cidade, pode contar para outras pessoas que vão lá
gastar seu dinheiro também. Curitiba no PR investiu pesadamente em campanhas de
conscientização ambiental, políticas e práticas com relação ao lixo. Hoje é
considerada uma das cidades mais limpas do país e é citada como exemplo de
capital ecológica. Essas mudanças não aconteceram sozinhas, aconteceram porque
as forças do local mobilizaram-se em prol de um objetivo.
Estamos
diante de uma Araguaína com um enorme potencial de crescimento, com uma
economia aquecida como em raros lugares do Brasil. Estamos com a faca e o
queijo na mão para fazermos história. O momento é agora e alguns
questionamentos precisam ser feitos:
Que
sociedade estamos formando?
Qual
é o nosso legado para o futuro?
Que
valores devemos fomentar em nossa comunidade?
Como
tornar esse diálogo presente e marcante em nosso cotidiano?
Assim
como todos querem que seu clube de futebol possua uma forte categoria de base
para formar os melhores jogadores, para conseguir montar no futuro equipes competitivas,
torna-se vital adotar a mesma medida em nossa cidade, investindo na formação
das categorias de base de nossa cidadania, gerando talento para o futuro.
É
preciso unir as lideranças locais, contar com apoio especializado e, de forma
estratégica, debater sobre nossas forças e fraquezas, definir o foco de ação,
criar diretrizes e estabelecer um grande pacto social entre todos os agentes
atuantes e formadores de opinião da cidade (governantes, autoridades,
entidades, empresários, escolas, faculdades, imprensa...) para que possamos
influenciar positivamente a cultura dos trabalhadores e dos cidadãos do futuro
e, conseqüentemente, a qualidade de vida de todos.