sábado, 24 de agosto de 2013

Vegetais


Ana é uma alface
João é um repolho
Carlos é uma beterraba
Adolfo é um nabo
Júlia é uma cebola
Cássia é um chuchu
Gilberto é um pimentão
Flávia é uma abóbora
Pablo é um brócolis
Rita é uma couve-flor
Saul é uma vagem
Um dia eles vão alimentar o dono da horta
E nada mais

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Cão vadio


Letra musicada pela banda Centavos em seu 2ª álbum.

Vive dizendo que eu bebo demais
Não tolera meus discos e só quer me irritar
Tenta me moldar a este globo quadrado
Um babaca perfeito
Num terninho ajustado

Ela me chutou
Só porque eu sou um cão vadio

Te apresento meu mundo, te passo minhas pulgas
O meu eu verdadeiro e minhas idéias no cio
Cala essa boca e não fala mais nada
Já perdeu seu encanto
Vou pegar minha estrada

Ela me chutou
Só porque eu sou um cão vadio

Inversão de valores, esse é o nosso mundo
Você não vale nada e eu que sou o cão vagabundo
Cadela da moda, da boutique encantada
Antes livre e vadio
Do que uma besta quadrada

Ela me chutou
Só porque eu sou um cão vadio

Para escutar:
https://soundcloud.com/fpagliarini/08-c-o-vadio?in=fpagliarini/sets/centavos-2011-terapia-frege

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Você caminha só


Você estudou tanto
Você trabalha muito
Você ganha mais ou menos
E finge que gosta deles
Você caminha só

Você gosta de Maria
Mas Maria não gosta de ti
Você não gosta de Joana
Finge com o que restou
Você caminha só

Aprecia arte e gente bacana
Mas isso não dá dinheiro
Atura o poder vazio
Segue a vibe do momento
Você caminha só

Você tem tudo o que precisa
Copo cheio tecnologia
Cafeteira e redes sociais
E sempre quer um pouco mais
Você caminha só

Nada faz sentido
Poder de compra é o que importa
O que fizemos com nossas vidas
Logo vamos morrer
Você caminha só

Você caminha só
Você caminha só
A gente caminha só
A gente caminha só
A gente vira pó




segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Churrasco



A casca está negra, queimou por fora, as cebolas já devem estar  assadas...
Prontas para virar salada com o secreto molho especial

A linguiça de pernil foi enrolada em disco, delicadamente espetada
E o granito estrala o fogo pingando gordura e sal

A picanha e o lagarto selados pedem paciência à meia altura
Enquanto o fogo lambe a maminha salgada que já vai lhes fazer companhia

Asinhas e coraçõezinhos aguardam a sua hora
Banhados em ervas e cerveja

O cupim manteado faz tishhhhhhhhhhhhhhhhh quanto cai na grelha
O garrãosinho da ovelha enche os olhos quando o espeto gira lentamente

E lá em cima, no último andar
Já fazem quatro horas que a dona costela e o senhor pernil se preparam para a festa

No congelador deusas loiras vestem os seus melhores vestidos brancos
E na vitrola a boa música começa a tocar

Venham meus amigos, venham...
Vamos encher a barriga e a alma
 O show de carnes do tio Marcelo já vai começar


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Cicatrizes


Eu não quero mais pensar
Cansei de Agitação
Quero uma vidinha convencional
Com você, vamos embora daqui

É preciso encarar o abismo
É necessário aprender a voar
É preciso olhar a morte de frente
Enquanto resta óleo para queimar

Vá até o fundo de cada mentira
Olhe nos olhos de suas derrotas
Você vai renascer mais forte
E as cicatrizes não vão te deixar esquecer

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Evolução

Os seus passos afundam as pegadas
E os caminhos traçados agora são seus
Você dança conforme toca a vitrola
E sorri cordialmente, cordial educação
Até acredito que você esteja certo
Sendo feliz com a domesticada conveniência
Enquanto sonhadores arrancam os cabelos
Cospem abelhas
E morrem do coração

Mais de 2000 anos de evolução
E o olhar continua ingênuo
Com a irônia da humana perfeição
Se esquecendo que nem todo o sol é quente
Que nem todo o beijo acalma
Assim como nem todo o amor é bom

Assassinaram John
Joey morreu
Janis partiu
Pra nada serviu
As lagrimas ainda não impressionam
E a balada que ecoa já vai começar
Seja como for
Mas seja dócil
Beijos técnicos, tecnologia, aparente pensar
Você não se importa com o que é importante
             E o que te importuna já não importa mais

sábado, 3 de agosto de 2013

Amor vulgar


Você faz uma escolha
E nem sempre escolhem você
Você que sonha tão alto
E se esquece quem te pôs para dormir
Você brinca com o amor
Sabendo que ele também pode brincar com você
Lá fora o dia é tão lindo
Mas já vai...
Começar a chover

Você me jogou fora
Como seu eu fosse um isqueiro sem gás
Você me jogou fora 
Como um perdigueiro, enxotado sem lar


Copo sujo, copo cheio
Ranço, brasa, devaneio
A noite é quente e eu vou me acabar
Fora do compasso até o amanhecer
Eu só vou embora, quando encontrar
Um amor sujo e vulgar

Não há nada melhor para curar
Uma tristeza no olhar
Do que um amor sujo e vulgar

Nunca mais vou acender seu cigarro
Amor sujo e vulgar
Nunca mais um por do sol ao teu lado