segunda-feira, 12 de maio de 2014

A saga de Anibal


Anibal estava perdido
Caminhos líquidos
Dias tortos
Mapas variados e inexatos
Parecia nada compreender
Só sentia uma pitada de vazio
Um leve sopro de tristeza
Esmorecia
Seu pai disse que algo precisa fazer
Atitude Anibal
Na sua idade eu já...
E Anibal foi capinar
Caçar um tanque de roupa para lavar
Na vida se virar
Fez calos
O couro endureceu
A pele queimou
Ficou mais sério
Menos inútil
Aprendeu coisas importantes
Anibal sobreviveu
Mas no fundo de sua alma 
Lá no fundinho de sua alma
Ainda falta um pouco de sol
Como se o mundo não fosse bem seu
Anibal não vive
Atravessa dias
As velhas angustias deixaram um gosto de metal na boca
Elas não estão expostas
Mas elas estão ali
Quase sem estar ali
Encrustadas como arraia no calcanhar

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Canções líricas de guerra e paz


Existe um mundo em sua crosta
De duros contos reais
Fazer sentido não importa
Dias passam sem luar
Sonhos guiados
Sexo digital
Enxada analógica
Olhar mecatrônico
Nanotecnodrogas
Engrenagem que gira
Caixões coloridos no quintal

Mas ela me convida para flutuar
Num vinil antigo voador
Flower eletric power
Feche os olhos
Permita-se 
60? 70? Se perder por aí
Películas, papiros, mentes em ebulição...
Deixo-me conduzir para fora do estômago da baleia
Pra dentro de puras ilusões
Sensações... Navegar
Respirar fundo sem ajuda de equipamentos


Ela interpreta seus dias
Com canções líricas de guerra e paz
A arte contamina o cinza
E da vida... 
A gente acaba querendo mais.