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quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Entre tapas e coices
- Como vai vossa bizarrice?
- Como tem passado ser repugnante?
- Calhorda!
- Patife!
- Esdrúxulo!
- Energúmeno!
- Facínora!
- Vil criatura!
- Você é sem sal, sem alma.
- Você é o filhinho que a mamãe errou.
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- Nossa, que horror! Eles são amigos não é?
- Não. São amantes. E sarcasticamente... Se amam.
- Gente é uma coisa esquisita né?
- Sim. Cada qual com seu sabor de felicidade.
terça-feira, 22 de abril de 2014
Rosa de menina em flor
Era tão especial, tão meiga, tão perfeitinha. Nasceu com pele alva, cabelos loiros, olhos azuis e bochechas fartas que pediam apertões e viviam rosadas. Cresceu sendo a engraçadinha, a fofinha, o bebê de propaganda que vivia cativando a todos com sua sublime imagem e com um sorriso enebriante que desmanchava até o mais duro dos corações. Falava tudo corretamente, era educada, obediente, estudiosa, respeitava os pais, os mais velhos, levava o seu prato até a pia, ajudava a lavar a louça... Era um anjinho. Jamais causava preocupação alguma a sua doce mãe e tão pouco alguma decepção ao orgulhoso papai. Menina de ouro. Virou adolescente, só tirava 10, sentava na frente, não conversava, não se distraía, pedia silêncio aos colegas, levantava a mão quando queria falar, impressionava pela oratória, ganhava as competições de ciência, era a preferida dos professores e dos funcionários da escola. Vivia impecável em suas roupas claras, sempre combinando, com muito bom gosto, artigos da moda atual. Usava maquiagem leve e cabelo simetricamente cortado. Sempre com postura ereta, fazia balé e tinha estilo, era imponente ao movimentar-se. Devota, toda santinha, não aceitava saliência dos meninos, mesmo dilacerando corações juvenis. Casaria pura, após um namoro comportado, isto era certo. Era considerada a mais bonita da sala, do colégio, da cidade... Desfilava para lojas e saía no jornal. Destacava-se nos esportes, na natação, no vôlei, na esgrima, nas danças, no karatê, no vídeo game e praticava alpinismo. Era prendada, bordava, sabia cozinhar, sabia como organizar uma mesa e adorava receber convidados. Criava com muito carinho e visitas semanais ao pet shop, dois gatos persa, um casal de canários, um yorkshire terrier, um pug e um shih tzu. E como cantava, era dona de uma voz sublime, afinadíssima, além de dominar o violino e estar aprendendo piano. Era uma rosa de menina em flor. Ela era superior, caminhava sem tocar os pés no chão, teria um futuro brilhante, casaria com o melhor dos homens, teria o mundo aos seus pés. E num belo dia, após voltar da costureira que estava dando os últimos retoques no seu inigualável vestido branco para o baile de debutantes do clube social, após chegar em casa e estar solitária no aconchego do banheiro brilhante de seu lar, sentiu algo estranho movendo-se em seu interior, um leve desconforto querendo escapar de sua barriguinha branca e esbelta, sentiu um pouco de medo, mas concentrou-se para terminar logo o que havia começado sem fazer barulho. Afinal de contas, princesas não fazem barulho. Percebeu que um elemento estranho saía de dentro de seu corpinho. Resolveu olhar e, para seu espanto e comoção, viu que uma rosa havia brotado de seu cu.
sábado, 20 de abril de 2013
O dragão de Suzana
Suzana guarda um dragão no porão
Ela não
deixa ele sair
Está mal
alimentado
Empoeirado
Entediado
Sua avó acha
assustador
Sua mãe não
gosta
O pai
condena
Tios e
amigos riem
Só que nunca
ninguém viu o dragão
E se Suzana
não mudar
Nunca ninguém
verá
Viaje mais
Viajei seis horas de van
e tive nove ideias razoáveis
Fone no ouvido
Seleção de arquivos decente
E um caderno de anotações
Que merda !!!
Não me dou conta que as distrações cotidianas me limitam
Que um pouco de solidão é necessária
E que a música me estimula para criar
E não falo de sertanejos, suingues e poperagens...
Falo de Ecos Falsos, Geraldo Azevedo, Bob Dylan, Vitor
Ramil, Melvins e Júpiter Maçã
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Grito ao passado
Foi pouco antes da moda de matar os mais fracos, do estupro
oficializado como esporte Olímpico ou do culto radical religioso aos sabonetes
das celebridades, não lembro direito. Havia uma lenda de um portal, uma fenda
no tempo que poderia me levar de volta ao passado. Após alguns anos de
investigação encontrei o local. Voltei no tempo. Era preciso avisar a
humanidade: - Saiam do Facebook, desliguem os televisores, não escutem música
popular, leiam livros, cultivem as artes, a filosofia... Salvem-se! Ainda há
tempo!!!
Achei que seria apedrejado, taxado de louco, preso,
difamado, agredido... Mas ninguém me deu atenção.
O futuro já começou.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Contos de Luísa III
Porque vencido?
Luísa diz:
- Posso pegar um iogurte?
- Pode, mas traz aqui para ver se não está vencido.
- O que é vencido mamãe?
- A gente olha a data em que o iogurte foi fabricado, se
estiver muito velho, está vencido e tem que jogar fora.
- Vencido, que estranho. Por que fala VENCER se a gente vai
jogar fora, vai PERDER?
Pela lógica de Luísa, o correto seria dizer data de
"perdimento". Faz sentido. hehe
Contos de Luísa II
Roscas e tiras
Luísa no banco traseiro do carro quando algumas viaturas e
uma ambulância pedem passagem, os carros na rua dão espaço, eles passam rápido
seguindo com o socorro.
Lia fala:
- Nossa, o que será que aconteceu? Toda essa polícia, será
que foi acidente, um assalto?
Luísa responde:
- Ou eles estão atrás de rosquinhas mamãe. Não sabe que
policiais adoram comer rosquinhas?
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