É
função do governo criar alternativas sólidas para que as pessoas consumam
conteúdos educacionais, artísticos e midiáticos significativos para o
desenvolvimento da nação. Governantes que não pensam assim vão contra qualquer
forma de progresso real para a sociedade brasileira.
Esse
é o único discurso transformador viável e concreto. Qualquer outra proposta de
política pública que fuja destes princípios é um engodo. Apenas paliativos para
maquiar as mazelas sociais. No máximo amenizarão problemas existentes, mas
jamais os resolverão ou consolidarão uma nação forte.
O
capitalismo prega que os cidadãos são livres para competir, que cada um,
através de seus méritos e dentro das normas legais estabelecidas, pode lutar
para conquistar o seu lugar ao sol na sociedade. Sim, cada indivíduo deve
batalhar pela sua evolução intelectual, pela sua ascensão social, mas como se
existe uma gigantesca desigualdade social e se a população brasileira por
décadas foi condicionada ao entretenimento e a acomodação, sendo alienada pela
mídia e tendo acesso há um ineficiente sistema educacional? O sonho da maioria
dos brasileiros é ser rico, alegre, adequado aos padrões impostos de beleza e
possuir status, somente isso. As estruturas de poder parecem desejar que a
população continue escravizada como árduos trabalhadores do capital, muitas
vezes em condições deploráveis de subexistência, ou como pacatos cidadãos que
não questionam e não exigem melhores resultados das forças políticas ou, ainda,
que se transformem em marginais que infringem as leis. Educação e cultura: todos
são vítimas da falta de políticas públicas nesse sentido.
A
educação precisa ser qualificada, com professores melhor remunerados, avaliados
constantemente e com liberdade de atuação. A leitura precisa ser incentivada diariamente
com projetos, campanhas e livros e revistas baratos. É preciso mais espaço na
TV e nas rádios para debates sérios sobre o futuro do país, e em horário nobre,
mais espaço para a boa arte nacional, como a música e o cinema alternativo, por
exemplo, projetos de rígida defesa das culturas regionais, um jornalismo livre
e conscientizado, totalmente independente das forças econômicas e de idolatrados
heróis nacionais que sejam exemplos de ética, inteligência e empreendedorismo e
não exemplos de malandragem, sexismo e ignorância, como acontece no atual
contexto brasileiro.
Isso
não surgirá sozinho, com a sociedade livre como a conhecemos. A realidade, orientada
pelas leis do capitalismo, será cada vez mais “idiotizadora”, pois só visa
lucro, diversão e controle das massas. É impossível fomentar uma cultura forte,
ética, pesquisadora, criativa, que busca e valoriza a intelectualidade, a arte
e que seja capaz de alavancar a consciência crítica e a economia do país de
outra forma. Sem esta sonhada cultura o país não será realmente competitivo,
nunca.
Não
se dá o peixe, se ensina a pescar. Pessoas fortes, batalhadoras, humanizadas e
que busquem uma qualidade de vida coletiva para todos os membros da sociedade é
um valor cultural que pode ser incrustado na alma do brasileiro e com certeza
transformaria o país na sua essência em algumas décadas.
Resumindo:
o governo é obrigado a, com muito empenho, empurrar educação, cultura, ética e
senso de coletividade na população ou o país nunca vai mudar.