segunda-feira, 20 de maio de 2013

Bem típico





Bem típico
       

Ela sonha em voar alto, tocar o sol
Mas não lembra onde escondeu suas asas
Resolve fugir com mais um gole, acende um cigarro
E diz que vai mudar, mas mudará amanhã
E já tem tudo planejado
Hoje tem de degustar sua embriagues
Então me manda ir embora, me xinga
Grita com as paredes, começa a chorar
E logo, implora para que eu volte

Ela jura que o mundo está contra ela
Ela fala que não confia nos seus amigos
Ela fala que os homens não valem nada
Ela promete que vai mudar de cidade
Ela fala qualquer merda e já nem lembra o que falou
E de repente se cala, não fala mais nada
Fecha a válvula de escape e inunda as suas ilusões
Com todo o seu lixo

Vive em eterno conflito
Da brisa ao furacão, do furacão a brisa
Sendo a brisa mais perigosa
O auto inferno de pensamentos
Onde alimenta os seus demônios
Nada é real, um mundo de fantasias
Um mundo perverso que dissipa a realidade
Tornando tudo ruim, insípido
Que encontra numa mente vazia
Um campo fértil para crescer

A brisa é imprevisível e explode a qualquer instante

Ela tenta traçar caminhos sem sabe o que busca
Faz de conta que não percebe que é a criadora de suas angústias
Preferiu ser uma embalagem, um rosto lindo, sem expressão
Consumido por um mundo de futilidades
Engolido por fantasmas alheios que assombram sua ignorância
Ela nunca procurou conhecer a si mesma
E tentar descobrir que todos são iguais
As mesmas forças
Os mesmos medos
Não existem vítimas, só destinos e responsabilidades

Ontem ela veio até mim, clamando por socorro
Olho para ela
Penso em beijá-la
Perco o tesão
Desisto
Percebo que o seu olhar é tão vazio, vago, distante, triste...
Não consigo parar de encará-lo
Imagino ela tomando rios de remédios
O futuro deve tê-la reservado uma depressão
Sinto vontade de rir, me contenho e volto aos seus olhos
Penso no que vou falar. Mas o que eu posso dizer?
Se não sei como amá-la ou simplesmente
Não sei se cheguei a amar algum dia

Os antigos já diziam
Cabeça vazia é a oficina do diabo



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