sexta-feira, 31 de maio de 2013

Antes que eu caia

     


 Primeiro poema mais ou menos decente que escrevi, ainda no início da Faculdade, há uns 12 anos pelo menos. Foi publicado em coletânea da Prefeitura Municipal de Soledade-RS.

Onde estão meus irmãos que tanto sofrem?
Sofrem os mesmos prantos que eu diante da parede de pedra
Minha garganta dói de tanto gritar
Minhas mãos sangram solitárias nesse desleal cabo de guerra
Se lágrimas rolarem pelo meu rosto não me envergonharei
É a mais pura emoção vazando de meu peito
Meus sonhos explodindo em meus olhos
Apenas deixe-me um pouco sozinho para que eu possa me recompor

Às vezes penso em desistir
Meus pensamentos parecem estar me traindo
Como todos os cegos que me cercam
Infelizes, mergulhados na amargura
Aguardando o tempo passar para morrer
E sob a terra se decompor
Ficarão podres como suas almas
Que não souberam lutar para em plenitude viver


As folhas do calendário vão caindo
Enquanto o pêndulo do candelabro balança numa suave dança
Marcando compassadamente a evolução do mundo
Acentuando a ilusão de liberdade
Onde leões são os donos das selvas
Pela maldade do ser
Pela imparcialidade do ser
Pelo medo de perder o que não se tem

Irmãos! Pelo amor de Deus!
Juntem-se a mim nessa jornada!
Estas mãos cansadas já não suportam o peso da espada
Será que minha luta vai ser em vão?
Se marchássemos abraçados
Pelo menos uma vez
A parede de pedra iria tombar perante nossos olhos
Nossos filhos só iriam conhecer suas ruínas
Nas páginas de história de um livro qualquer

Gritarei enquanto houver voz em minha garganta!
Meus gritos indignados ecoarão na escuridão


Gritarei enquanto houver...

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